Foi nos olhando fixamente que encontramos afinidades,
reciprocidade, identificação, olhos cansados de sofrer mutuamente mas
dispostos a começar de novo, dispostos a viver melhor, olhos sem
escrúpulos, sem limitações para buscar a felicidade.
Foi nos olhando fixamente que percebemos um ao outro no meio do
planeta, que descobrimos um mundo novo de sensações, de palavras, de
sentimentos, que encontramos um jardim interior em cada um.
Foi nos olhando fixamente que partimos para um novo caminho, que juntamos ideias, pensamentos, diferenças, escovas de dente.
Foi nos olhando fixamente que perdemos a respiração, os sentido e
ganhamos fixação, transpiração, sorrisos. Perdemos o eixo, o rumo, o
prumo, as horas.
Foi nos olhando fixamente que os pensamentos pararam, o coração
bateu forte, as mãos congelaram, tremeram, pediram toque, nossas bocas
pediram contato, e os corpos abraços, aproximação. E aquela tarde
qualquer mudou de cor, de som, de textura.
Foi nos olhando fixamente que entramos um na história do outro sem
pedir licença, sem pestanejar, planejar, no tempo de um piscar, entramos
para nunca mais voltar.
Foi nesse olhar fixo que dissemos tudo o que podíamos e o que não
podíamos sem usar voz e estávamos assim um despido na frente do outro
sem máscaras, sem véus, sem impedimentos. Nesse olhar fixo baixamos a
guarda e nos deixamos entrar.








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