Ela, uma espécie em extinção de mulher sonhadora, dócil, resistente e
recalcitrante carregava em si contradições de um ser humano em
formação, a inconsequência de uma adolescente e medos bobos de uma
garotinha. Tinha sede em aprender e uma necessidade louca de expressar.
Dançava no banal, pintava o medíocre e se alimentava do inesperado. Há
tempos experimentava a solidão de ser só ela, de habitar sozinha no
mundo que tecera.
Moça de olhar desesperado, sorrisos discretos e postura delicada,
escondia seus sonhos coloridos numa caixa de emoções na ânsia de não
perdê-los, de não ser roubada em qualquer esquina pelos piratas negros
ladrões de ilusões.
“Preciso me encontrar num mundo onde tudo é perdido onde conceitos e
valores são distorcidos. Ser igual é o que ecoa pelos muros insanos
desse circulo paradoxal. Pelo visto é melhor estar perdida e me deixar
ser encontrada”, pensava ela.
Quando menos esperava alguém especial descobriu a caixa, seu mundo,
mexeu em suas emoções, seu lado bobo e lhe roubou o coração, as
palavras, o medo. A menina mulher mulher intensa, que reflete brilho de
estrela, luz de artista, se deixou levar pelo descaminho a sua frente.
Indecente não eram seus sentimentos ou o que ele pensava a seu
respeito, indecente eram as rotinas, a solidão, a falta de perspectiva.
A menina que tem mania de amar e sentir por completo mudou os móveis da
sala, o gênero musical, a cor do cabelo, as conversas e parte da
própria vida. Em pouco tempo não era mais só ela em seu mundo, eram duas
pessoas, dois travesseiros, dois corpos, dois sorrisos, dois corações e
dois meses.








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