Invisível.
Olha que coisa bem linda. In-vi-sí-vel. É aquilo que seus olhos não
conseguem alcançar, o que você não consegue entender direito porque não
vê. Invisível. Acho uma sonora - e reveladora - palavra.
Parei
para pensar naquilo que não posso ver. São tantas coisas. Bonitas,
feias, esquisitas, interessantes. Sentimento é invisível. Você apenas
sente, mas não toca, não pega, não sente o calor, o cheiro, não tem
noção de cor, forma, tamanho, jeito. Apenas sente, apenas deixa sentir -
se coragem e disposição tiver.
O
que a gente não pode ver excita e assusta. E ambas as reações acontecem
exatamente pelo mesmo motivo: o medo do desconhecido. O estranho, não
sabido. Invisível. O coração, que bate tanto, ninguém vê. O suspiro, o
sonho, a felicidade, o gozo, a tristeza. Tudo é invisível, tudo acontece
dentro de você. Tudo você pode esconder quando achar melhor ou bem
entender.
Os
olhos são visíveis - e muito dizem sobre quem somos. Pena que também
possuem artimanhas e labirintos. Quantas vezes não fomos pegos por
enrascadas de um olhar? Em quantos olhos aparentemente sinceros você já
não acreditou? Por quantos olhares já não se deixou levar? A gente se
engana, sim, com o olho no olho. Porque tem olho no olho que é
planejado, jogada ensaiada de quem sabe jogar. E eu confesso: não sou do
jogo. Sou péssima jogadora, por isso volta e meia perco.
A
alma é invisível. O caráter é invisível. Ninguém enxerga, mas uma hora
ou outra eles se manifestam, dão as caras, são notícia. Ninguém sustenta
uma mentira muito tempo. Ninguém consegue manter duas caras a vida
inteira. Uma hora a corda balança, você precisa se equilibrar e mostrar
quem é. E não é nada fácil ser quem a gente é, abraçar defeitos,
loucuras, fantasias alucinadas. Não é fácil se olhar no espelho e dar de
cara com o que está visível.
Máquinas
fotográficas registram momentos, manifestações de sentimentos, cenas,
datas importantes. Fotos são pedaços de lembranças (porque uma parte
fica na foto, a outra dentro da sua cabeça e coração). Tiramos fotos de
tantas coisas. Já pensou se a gente conseguisse fotografar a alma das
pessoas? Ver o que tem dentro, apreciar ou se horrorizar com o que cada
um leva consigo. Ia ser bonito. Uma experiência única. E visível.







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